Passei o carnaval em São Luiz do Paraitinga desde 1988.
Excluindo-se apenas o ano de 1998, pois estava em lua de mel, foram, portanto, 21 carnavais.
Todos vividos intensamente, como se deve: sempre atrás dos blocos; no começo, sempre no salão onde hoje é o Banco do Brasil – ou era até esse ano -; depois, sempre em frente aos palcos montados na praça; e, mais recentemente, sempre em volta do coreto.
O sítio do meu pai vivia cheio de familiares e amigos. Meus irmãos, cunhados, colegas de faculdade e primos, muitos primos, de São Paulo, Taubaté e do Rio de Janeiro, foram igualmente fiéis ao que, para nós, sempre foi o “melhor carnaval do mundo”.
É fácil entender, pois, a razão pela qual as memórias não têm data exata, nem personagens rigorosamente definidos. Foram muitos anos e muitos personagens.
Bem, na verdade, com relação aos personagens, lembro-me exatamente, sim, quem fez o que. Mas o anonimato, aqui, mostra-se prudente.
A história da qual me lembro agora aconteceu no início dos anos 90.
Estávamos atrás de um bloco. Não me lembro qual.
Era noite.
Depois de percorrer as ruelas da cidade, os caminhões de som que carregavam as bandas e “puxavam” os blocos, costumavam parar na praça central. Os foliões, então, “pulavam” ao seu redor.
E assim se fez.
Naquele dia, curiosamente, havia um passageiro ao lado do motorista do caminhão. Absolutamente imóvel. Uma estátua abaixo da banda, que tocava a plenos pulmões, e cercada pela massa, que se esbaldava alucinada em volta do caminhão.
Um dos meus primos, bem animadinho, claro, - eu precisava dizer isso? - não se conteve diante daquela única pessoa estática no meio de uma cidade em ebulição e bateu na janela.
O passageiro, acordado de seu transe, indagou o que ele queria, erguendo o queixo. O primo, então, pediu para abrir o vidro, para falar com ele. O passageiro girou a maçaneta e ofereceu um educado “pois não ?”. Acho que até sorriu.
Com toda a nossa turma em volta, o alegre primo fez uma expressão de compenetração, esforçou para não enrolar a língua e, com muita solenidade, emendou:
- “Conta pra gente aí, campeão: qual é mesmo a sua função aí dentro?!?
Todos gargalharam, claro. Até o motorista gargalhou.
Só o passageiro, perplexo e com cara de “veja bem”, não emitiu qualquer som.
Pelo menos nós 20 posteriores segundos, já que nós voltamos para o meio da multidão. Voltamos para o “melhor carnaval do mundo”.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
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Esse mesmo primo protagonizou uma história SENSACIONAL em um "festival de marchinhas"... Ele apareceu no começo do festival, sumiu e só apareceu no fim... Se quiserem que eu conte o porque, só pedir...
ResponderExcluirSensacional.
ResponderExcluirSeria o grande Dalton Lobisomem, esse primo?
Com certeza estarei na festa , só não irei se Maria Carlonina chegar ao mundo exatamente nesse dia. Abs
Parabéns pelo evento e pelo Blog. Certamente estarei no evento do dia 20/02 e como tenho certeza que adorarei, em 2011 espero passar o Carnaval na querida São Luiz do Paraitinga.
ResponderExcluirEstarei presente no evento do dia 20/02 por um motivo extremamente egoísta.
ResponderExcluirNunca participei do carnaval em São Luiz, e como só após os recentes acontecimentos descobri o que estava perdendo, minha presença será para engrossar a renda e tornar possível minha visita ao verdadeiro carnaval luizense em 2011!
Parabéns pela iniciativa. A história e cultura brasileiras agradecem!